A camisa-de-força em que a vida política brasileira foi contida na
época do regime militar, rompeu-se gradativamente a partir da vitória
eleitoral da oposição em 1974, forçando a política da “abertura lenta e
gradual”, adotada pelo general-presidente Ernesto Geisel, que passou
obrigatoriamente pela retomada da liberdade de organização partidária. A
Campanha das Diretas-Já, de 1984, foi o último momento em que houve um
congraçamento geral das forças de oposição, fazendo com que a partir
dali cada agremiação buscasse seu rumo próprio.
No lugar da extinta ARENA surgiram o PFL (Partido da Frente Liberal) e
PPB (Partido Popular Brasileiro), e de dentro do MDB emergiram o PMDB
(Partido do Movimento Democrático Brasileiro) o PSDB (Partido
Social-Democrático Brasileiro), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o
PDT (Partido Democrático Trabalhista), e o PT (Partido dos
Trabalhadores), que ora elegeu o presidente da república. Numa típica
reação ao sufocamento da vida partidária anterior, a nova lei partidária
entendeu dar direito de expressão partidária (o que não se revela em
ganho eleitoral), a todo o qualquer tipo de proposta que cumprisse com
os quesitos mínimos necessários à formação de um partido político. O
resultado é que com a proliferação dos partidos, ditos “nanicos”,
ocorreu uma “poluição” do processo político, afirmando os críticos desse
multipartidarismo excessivo que a própria governabilidade fica
fragilizada pela existência de tantos partidos, havendo hoje no
Congresso mais de 30 representações políticas legais.
De outro lado, os defensores da mais ampla e livre organização
partidária indicam que a complexidade e as desigualdades do Brasil ficam
mais bem expostas na multiplicidade e não na uniformidade partidária.
Mesmo reconhecendo a existência de apenas quatro ou cinco grandes
correntes ideológicas (de esquerda, do centro-esquerda, do
centro-direita e da direita), que forma a totalidade do espectro
político nacional, entende-se que é melhor para o país manter o atual
sistema de representação do que tentar limitá-lo. Assim sacrifica-se a
governabilidade em nome da diversidade da representação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário